Vigilante esfaqueado na Barra Funda: uma tragédia anunciada

Na tarde desta terça-feira, 14, um vigilante da CPTM que tentava conter um tumulto na estação Barra Funda (Zona Oeste) foi esfaqueado no pescoço. Ele passou por cirurgia e o último boletim médico diz que seu quadro de saúde é estável.

No domingo, 12/01, três vigilantes da companhia foram agredidos a pedradas por ambulantes na estação Pirituba (Linha 7-Rubi). Um pouco antes, no dia 5 de janeiro, na estação Poá (Linha 11-Coral), um vigilante da CPTM de 59 anos ficou ferido após uma discussão com os marreteiros.  

Não é preciso de muito para perceber o aumento nos casos de violência contra os profissionais que fazem a segurança nas estações e nos trens. Um simples busca no Google mostra o tamanho do problema e a ausência de medidas de contenção por parte das empresas responsáveis.   

Protegendo a própria imagem

Diariamente na rotina dos vigilantes surgem ameaças com armas de fogo, armas brancas, pedaços de madeira e ferro e agressões de todos os tipos. Em 2019, por exemplo, vigilantes foram espancados, arremessados nos trilhos e em uma situação um dos profissionais veio a óbito após ser agredido por um grupo de vendedores irregulares.

Diante do cenário caótico a CPTM – empresa responsável pelo transporte de trens no Estado de São Paulo – anunciou que vai contratar mais vigilantes para reforçar seu quadro de segurança. Na última quarta-feira, 8, divulgou que vai gastar R$ 68 milhões para ter policiais militares nas estações.

A medida – que mais parece resposta para o desgaste na imagem do que a busca por uma solução definitiva – deve surtir pouco efeito.

Isso porque a CPTM contrata o serviço de segurança pelo menor preço possível. A empresa vencedora, por sua vez, coloca os profissionais na linha de frente pelo menor custo.

Ambas não se preocupam com o ser humano que está ali na linha de fogo e não tem um plano de segurança efetivo para garantir a segurança do profissional no momento do conflito.

Condições de segurança para os profissionais

O entendimento da direção do Sindicato dos Vigilantes de Barueri que é preciso dar condições de segurança para os profissionais, para que eles exerçam sua função com dignidade.

Hoje os profissionais arriscam suas vidas de peito aberto. Não lhes é disponibilizada qualquer ferramenta de proteção ou contenção.

Pior: profissionais estão sendo mutilados e substituídos por outros que serão igualmente mutilados e substituídos. Os danos são da ordem física e psicológica.

A legislação vigente permite que vigilantes trabalhem com coletes a prova de balas, algemas e equipamentos não letais como sprays de pimenta e pistolas taser. Mas nada disso lhes é disponibilizado.

As rondas, na maioria das vezes, são feitas de maneira individual. Uma ronda dupla já poderia amenizar o problema. Mas a CPTM e as empresas de segurança parecem não ter qualquer preocupação com isso.

Por isso o Sindicato está tomando as medidas cabíveis.

Epidemia de violência

Os episódios recentes envolvendo agressões aos vigilantes são lamentáveis. Mas são tragédias anunciadas com responsabilidade total das empresas.

Os casos não são por acaso e a CPTM sabe disso, mas prefere ignorar.

Definitivamente é preciso cuidar da segurança os vigilantes e valorizá-los para que estes tenham condições de zelar pelos passageiros da CPTM e pela companhia como um todo.

Se medidas sérias não forem tomadas a tendência é que assistamos a uma epidemia incontrolável de violência nas dependências da companhia.