Cortes na educação devem afetar diretamente a segurança privada

O corte de cerca de 30% nos recursos das universidades federais – anunciado pelo governo no mês de abril – deve impactar diretamente a segurança privada.

Isso porque a redução será aplicada em despesas discricionárias, que incluem gastos como contas de água, luz, aquisição de material básico, contratação de terceirizados (segurança, inclusive) e realização de pesquisas. O valor total contingenciado, considerando todas as universidades, é de R$ 1,7 bilhões.

O motivo do corte, segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, é uma tal “balbúrdia” que ocorre nos Campi.

Hoje boa parte da segurança em universidades públicas e privadas é realizada por empresas de segurança. O trabalho dos vigilantes inclui a identificação e análise de riscos de segurança e definição de diretrizes para ação e prevenção. O vigilante planeja, opera e controla tudo o que se relaciona à proteção da instituição e dos indivíduos.

O corte na educação deve implicar na demissão de centenas de vigilantes que atuam nas unidades de ensino e no fechamento de postos de trabalho. Ainda não há dados oficiais. Mas o prejuízo não deve ser pequeno.

LIÇÃO A SER APRENDIDA

No dia 13 de março deste ano Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro, ambos ex-alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, no município de Suzano, entraram na escola e mataram cinco estudantes e duas funcionárias. Após o massacre, um dos atiradores matou o comparsa e em seguida cometeu suicídio.

A tragédia reacendeu o debate sobre a importância de haver mais segurança em escolas e universidades para proteger nossas crianças, adolescentes, jovens e professores.

Se houvesse vigilantes na Escola Professor Raul Brasil talvez o resultado fosse diferente.

Entretanto, mesmo diante de um incidente tão grave como o de Suzano parece que não aprendemos a lição. Justamente no momento em que se deveria aumentar o investimento na educação e priorizar a segurança, o governo fala em fazer cortes.

A escolha por esse caminho se mostra muito ruim. E se o caminho é ruim o resultado não tem como ser bom. Ou cuidamos do que realmente importa ou estaremos fadados a sucessivos fracassos e tragédias.

Amaro Pereira da Silva é diretor da CNTV e presidente do Sindicato dos Vigilantes de Barueri