Brasil entra na lista dos dez piores países para os trabalhadores

A reforma Trabalhista – que resultou em enormes prejuízos para os trabalhadores – retirando direitos e a proteção, além de permitir repressão violenta a greves e protestos e intimidação de lideranças, colocou o Brasil pela primeira vez na história entre os dez piores países do mundo para a classe trabalhadora.

A informação é do Índice Global de Direitos, entidade que representa 207 milhões de trabalhadores em 163 países e territórios.  

Também contribuíram no rebaixamento do Brasil os esforços governamentais visando asfixiar economicamente os sindicatos, com medidas como o fim das contribuições obrigatórias, levando muitos a fecharem as portas, diminuindo o poder de negociação dos trabalhadores.

Além de Brasil e Zimbábue, também estão na lista dos dez piores países do mundo para a classe trabalhadora Arábia Saudita, Bangladesh, Filipinas, Guatemala, Cazaquistão, Argélia, Colômbia e Turquia.

Segundo o representante do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Sinait), Rogerio Silva, o Brasil passou a ser monitorado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), devido a denúncias de que estaria descumprindo acordos internacionais trabalhistas assinados no passado.

Ele lembrou ainda que a reforma trabalhista foi aprovada sob o argumento de que geraria 6 milhões de novos empregos. Entretanto, após quase 2 anos de vigência, o que se vê foi o aumento no número de desempregados de 12 milhões para mais de 14 milhões de pessoas.

Desigualdade

Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia [Ibre, ligado à FGV] demonstrou que nos últimos anos, a despeito da profunda crise, os 10% mais ricos passaram de 49% para 52% na renda nacional. Por outro lado, os 50% mais pobres viram sua parcela diminuir de 5,74% para apenas 3,5% no primeiro trimestre de 2019. O número de famílias endividadas já chega a 63,4% no país, um aumento de 4,4% em relação a maio do ano passado.

E para piorar, o índice de Gini [medição internacionalmente aceita sobre desigualdade social], que vinha caindo desde a década de 1990, voltou a subir em 2016 e atingiu seu pior índice em março deste ano — lamentou Eidy.

Na avaliação do senador Paulo Paim (PT), tanto a reforma trabalhista quanto a proposta de reforma da Previdência (PEC 6/2019, ainda em análise na Câmara dos Deputados) têm o objetivo, entre outros, de prejudicar a capacidade de organização da classe trabalhadora.

Ele disse não compreender “o porquê da perseguição aos sindicatos” e acrescentou que nos países de capitalismo avançado, como Alemanha, França e Estados Unidos, as organizações sindicais têm grande poder de intervir em políticas públicas para o setor e mediar negociações.

Fonte: Agência Senado