Apesar da crise faturamento das empresas de segurança dá salto, diz pesquisa

Mesmo com a forte crise pela qual atravessa o país a o faturamento das empresas de segurança privada deu um salto. A informação está no Vl Es­seg – Estudo do Setor da Segurança Privada, pro­duzido pela Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transpor­te de Valores (Fenavist) com base em informa­ções da Polícia Federal, Ministério da Economia, RAIS, CAGED e IBGE.

O Estudo – que abran­ge os anos de 2014 a 2018 – mostra que os empre­sários da segurança pri­vada não tomaram co­nhecimento da crise. Em 2014, por exemplo, o fa­turamento das empresas do setor foi de R$ 32,886 bilhões. Em 2018 esse va­lor chegou a R$ 33,767 bi­lhões, um crescimento de mais de 2%.

Ano a ano o fatura­mento foi ainda mais expressivo. Em 2015 o crescimento foi de quase 5,5%. Em 2016, cresci­mento de 8%. Em 2017 o crescimento foi no­vamente de 5,5% e em 2018 pouco mais de 2%. A base de comparação é com 2014.

Mais empresas abertas nos últimos anos

Outro dado importante apon­tado pelo Vl ESSEG é que entre 2014 e 2018 houve um aumento de 5,7% na quantidade de empre­sas de segurança registradas junto à Polícia Federal. Em 2014 haviam 2.548 empresas cadastradas em todo o país. Em 2018 esse número saltou para 2.694.

O Presidente do Sindicato dos Vigilantes de Barueri, Amaro Pe­reira, explica que para “abocanhar” fatias do mercado os mesmos em­presários da segurança privada abrem várias empresas para ven­der outros serviços. “No final eles acabam dividindo o bolo entre si, têm mais lucros, mas não geram mais empregos”, conta.

Ele finaliza lembrando que a reforma Trabalhista, aprovada em 2017, também é responsável pelo cenário atual. “Essa refor­ma Trabalhista foi vendida como solução para o desemprego. Mas ela não gerou empregos. Pelo contrário, ela apenas precarizou as condições de trabalho e aju­dou a aumentar apenas o lucro dos patrões”, finaliza.

Empresas lucram mais, mas número de vigilantes desempregados também aumenta

EN – Rio de Janeiro, RJ, 28/01/2016. Balcão de emprego. Dez dicas para desempregados equilibrarem as contas e se recolocarem no mercado de trabalho. Na imagem, Wesley Raimundo Apicelo. Foto : Thiago Freitas / Extra.

Na contramão, no mesmo período a quan­tidade de vigilantes em­pregados com carteira assinada diminuiu 15,4%. Em 2014 havia 654,899 profissionais em atuação nas empresas. Em 2018 esse número caiu para 553.905.

Segundo o Vl ESSEG, o número de trabalhado­res é um forte indicador do modo como a ativida­de está naquele momen­to. “Se há diminuição no número de trabalhadores em atividade, isso signi­fica que o setor também passa por dificuldades”, diz o estudo.

Entretanto, segundo o presidente do Sindi­cato dos Vigilantes de Barueri, Amaro Pereira, não é o que parece. Ele explica que se o setor estivesse passando por dificuldade as empresas não estariam acumu­lando lucros. “É uma tecla na qual a gente vem batendo há tem­pos: não há crise para os empresários da segu­rança privada”, diz.

Segundo Amaro, o le­vantamento mostra um dado assustador: o lucro das empresas pode estar atrelado à redução dos ganhos dos trabalhado­res. “A terceirização tem esse aspecto, de propor­cionar aos empresários lucros gigantescos e bai­xos salários para o tra­balhador”, continua.

Ele diz que para não diminuir seus lucros as empresas diminuem os salários e criam mecanis­mos para cortar direitos e consequentemente a remuneração do traba­lhador. “Reduzem horas extras, reduzem jornada de trabalho, trocam um benefício por outro. É as­sim que agem”, lamenta.