20 de Junho – Dia do Vigilante: o que há para comemorar?

Chegamos mais uma vez ao dia 20 de junho, data em que é comemorado no Brasil o Dia do Vigilante. Mas o que temos para comemorar?

A resposta pode ser dada por meio de números.

Hoje o Brasil possui 3 milhões de vigilantes registrados na Polícia Federal. Desses, apenas 700 mil estão empregados formalmente, com carteira assinada. Considerando aqueles que migram para outras profissões e aqueles que fizeram cursos preparatórios e ainda não conseguiram seu primeiro emprego podemos inferir que há pelo menos 1,5 milhão de vigilantes desempregados no país.

Mas não é só isso.

Dentre os 700 mil que estão empregados a maioria absoluta sofre os efeitos da precarização do trabalho. São salários baixos, poucos benefícios, postos sem condições,  trabalho extenuante, perigoso e sem o devido reconhecimento. Pior: há ainda aqueles que são enganados por empresas e ficam sem receber direitos básicos como ticket-alimentação, vale-transporte, plano de saúde, adicionais de periculosidade e insalubridade, PLR, férias, e até salários.

Por isso, há algum tempo já o Sindicato dos Vigilantes de Barueri vem batendo na tecla que a categoria precisa se unir para ser respeitada e evitar a piora nas condições de trabalho e a perda de mais direitos. Aliás, é preciso também aprender a identificar aqueles que jogam a favor e os que jogam contra os trabalhadores.

Em 2017, com anuência de muitos vigilantes e pretensos defensores da categoria, o governo Temer aprovou a reforma Trabalhista. Com apenas uma canetada nós perdemos o Descanso Semanal Remunerado (DSR) e o feriado 12X36, que era pago em dobro.

Agora, outro suposto defensor dos vigilantes, o presidente Jair Bolsonaro, quer aprovar a reforma da Previdência. Essa reforma irá retirar a aposentadoria especial que concede a nós, vigilantes, o direito de aposentadoria com 25 anos de trabalho.

Como se não bastasse o desemprego, os salários baixos, a precarização do trabalho, a falta de respeito das empresas, agora morreremos sem conseguir nos aposentar.

Respondendo o questionamento do começo do texto: não há nada para comemorar nesse Dia do Vigilante.

Mais do que nunca é tão importante que os vigilantes reconheçam quem é o inimigo de verdade. É importante que não se deixem enganar com mentiras e notícias falsas. É preciso que se unam e juntos busquem soluções para a categoria.

Que no Dia do Vigilante do próximo ano nós tenhamos notícias melhores e razões para comemorar. É mais do que um desejo. É uma necessidade.

Amaro Pereira é diretor da CNTV e presidente do Sindicato dos Vigilantes de Barueri